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O Brasil experimentou, ao final de 2014, uma crise assustadora. Alcançamos a soma de 14 milhões de desempregados e outros milhões que se transferiram para o mercado formal para não morrerem de fome. Estávamos no final do túnel e não víamos alternativas. Estamos em 2019, encerrado o primeiro semestre, vislumbramos a criação de 400 mil novos empregos com carteira assinada e um leve crescimento do produto interno bruto. É pouco. É muito pouco. Se considerarmos que não houve nesse período qualquer investimento público capaz de proporcionar qualquer forma de crescimento, temos que agradecer ao Brasil e a seu povo porque, apesar do governo que não ajuda, ainda conseguem respirar.
Já foi dito pelos liberais que não precisamos de governo que atrapalhe que o resto se faz. Ainda que os sinais de enfrentamento da crise sejam diminutos, temos que ter consciência de que a perda de 14 milhões de empregos não se recupera com um canetaço nem de uma hora para outra. A recuperação é lenta, muito mais lenta do que o processo de perda desses empregos. Teremos que aguardar anos, talvez mais de uma década, para voltarmos aos padrões do passado. E isso se considerarmos que a crise mundial cesse os seus efeitos sobre os países menos desenvolvidos.
Também torcer para que aqui no Brasil as coisas todas deem certo, porque qualquer contratempo atrasará ainda mais o processo de recuperação. Há previsões para 2020 de que haverá um leve crescimento, mas os especialistas já recuaram nos números que antes acreditavam. Os economistas das instituições financeiras, consultados pelo Banco Central em sua pesquisa semanal, abrangendo mais de 100 bancos, não acreditam que o governo conseguirá levar adiante o ajuste nas contas públicas prometido.
A meta deste ano é de um superávit primário de 0,15% para todo o setor público (governo, Estados, municípios e empresas estatais), ou R$ 8,7 bilhões. Até agosto, porém, o resultado está deficitário em R$ 1,1 bilhão. Portanto, nossa esperança tem sido o controle do gasto público e nos concentramos na reforma da previdência como se ela fosse a salvação da lavoura. Não é e não será.
Ao final vamos ter de encontrar uma outra desculpa para a nossa inércia. Talvez, digam que a reforma tributária seja a bola da vez para encantar os investidores e, assim, vivermos mais um tempo de ilusão, como temos vivido sempre nesse país de Cabral. O importante, porém, é que não percamos as esperanças e continuemos a acreditar que nem tudo está perdido e que apesar dos governos que se sucedem, cada um com suas mazelas, o Brasil anda e anda para a frente, ainda que a passos de tartarugas.